Última modificación: 2012-05-04
Resumen
A apatia da análise dos ambientes urbanos é fruto da incompreensão da cidade como um conjunto onde a ação antrópica, muitas vezes, se explicita mediante a depredação e degradação ambiental. Este trabalho versa sobre a constituição imagética de uma cidade mediana do interior paulista. O objetivo foi desvendar como um grupo específico de alunos da Universidade, apelando às recriações de mapas mentais e tarefas perceptivas, consegue decodificar as características do centro de Jundiaí (SP), Brasil. Aplicaram-se testes individuais (entrevistas e desenhos) e grupais que evidenciaram a força imagética da Praça e Igreja de Jundiaí. O conjunto restante de espaços públicos e edificações aparece diluído e debelado à percepção ambiental dos estudantes. As respostas explicitam que a percepção destes indivíduos tem um filtro sincrético forte. As composições da realidade distam dos limiares da legibilidade e coesão necessários para sua compreensão. Nas entrevistas são focados com insistência aspectos a-espaciais que ostentam abordagens superficiais. Conclui-se que um grupo que possui o domínio de habilidades espaciais não garante necessariamente bons desempenhos. Os resultados são intrigantes, pois revelam níveis de percepção ambiental análogos aos comuns. Acredita-se que existam duas vertentes amplas e mais proeminentes que possam explicar os resultados: a primeira é a conspiração de uma morfologia urbana com pregnância imagética incipiente, isto é, o centro urbano está altamente permeado por feições (diluídas e explicitas) dos aspectos civilizatórios da globalização urbano-arquitetônica presentes no mundo e nas cidades latino-americanas. Desta assertiva se desprende o segundo tópico que nos envereda pelos efeitos de uma superexposição às atividades desenvolvidas nos espaços intra-domiciliares (mídias, internet, etc.) às avessas do espaço público e que alavanca o detrimento da vivência e de aspectos perceptivos primários. Estes itens nos alertam para o desenvolvimento de estudos de percepção e educação ambiental voltados à valoração das questões urbanas capazes de equacionar os descompassos observados no estudo.